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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

(ST-SL) A Trovoada (I)

Foi no mês de Maio. O dia estava quente, e o ar abafava. No céu, castelos de nuvens escuras faziam prever a instabilidade do tempo, o que as andorinhas confirmavam, voando a pequena altura.
O Joãozinho, que andava no adro a brincar, ao ser surpreendido pela luz de um relâmpago, seguida do ribombar do trovão, correu para casa de medo, a sentar-se junto da mãe.
- Então já estás cansado e não queres brincar mais por hoje? - pergunta-lhe ela, fingindo que não percebia a causa da súbita resolução do pequeno.
- Não é isso, Mãezinha. É que vi um relâmpago e ouvi um trovão muito forte, e... antes quero estar ao pé da Mãe.
- Fizeste mal, se foi só por isso. A trovoada ainda está muito distante, e só oferece perigo quando se encontra já muito próxima, por cima de nós.
- E como é que a Mãezinha sabe quando é que ela está próxima?
- Sei porque então o trovão ouve-se quase ao mesmo tempo que se vê o relâmpago.
Nisto brilhou outro relâmpago, e a mãe, aproveitando a oportunidade, continuou:
- Viste agora este relâmpago?
- Até estremeci - respondeu o Joãozinho, encostando-se mais para ela.
- O trovão só agora começa a ouvir-se, não é verdade? Ora isto dá-nos a certeza de que a trovoada ainda não está perto de nós. Portanto, nada de sustos... Até posso dizer-te a quantos quilómetros se encontra.
- Lá isso gostava de saber.
- Olha para o ponteiro dos segundos do meu relógio e, logo que vejas o relâmpago, começas a contar os segundos até ouvires o trovão.
- Outro agora! - disse ele, estremecendo com a luz de novo relâmpago.
- Vá, conta comigo: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete... dezassete, dezoito...
- Pronto. Já ouço o trovão - concluiu o pequeno.
- Agora, multiplicas 340 metros por 18, que é o número dos segundos contados desde o aparecimento do relâmpago até que ouvimos o trovão.
O Joãozinho fez em seguida esta conta:
(...)
Depois disse à mãe:
- Deu-me 6.120 metros.
- Pois a trovoada está a 6.120 metros de nós. E, como já sabes reduzir esses metros a quilómetros, podes dizer que está a...
E o pequeno, prontamente:
- A seis quilómetros e 120 metros.
- Isso mesmo! Já vês, pois, que anda muito longe. Mas, ainda que estivesse próxima, não havia razão para sustos. O que é preciso é tomarem-se então certos cuidados.
- E quais são esses cuidados?
- Agora não posso responder-te. Tenho de ir à cozinha. Mas fica para outra vez.
- E então gostaria também de saber por que é que fiz esta conta - acrescentou o Joãozinho.
A mãe, levantando-se: - Pois sim. Pode ser logo, ao serão.
E dirigiu-se à cozinha, onde a Maria, uma velha criada, estava a fazer a ceia.


extraído de "Livro de leitura da 3ª classe", Ministério da Educação Nacional; pág. 133, 134 e 135.